domingo, 20 de maio de 2018

QUEBRANDO O SILÊNCIO: VIOLÊNCIA DENTRO DA IGREJA

Uma das fotos que o Pablo Ferrari postou em seu perfil no Facebook. Ele foi covarde e barbaramente agredido ontem (19/05/2018), no pátio da IASD Central de Brasília.

Alguns vão nos acusar de endossar as ações do Pablo Ferrari. Outros vão mesmo dizer que ele se tornou nosso "deus" (uma tal Selma Amaral, no Facebook, fez justamente essa acusação ao editor deste jornal!). Não se trata disso, absolutamente. Mas também não vamos entrar no mérito dos métodos que o Pablo tem utilizado. O propósito deste editorial é outro.

No site oficial do projeto "Quebrando o Silêncio", encontramos a informação de ele se trata de "um projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul (...) desde o ano de 2002." De fato, a iniciativa é bem ampla e bem conhecida pelos adventistas e pela sociedade em geral. Assim, por que não aproveitar a ocasião para promover uma campanha que visasse a denúncia e a prevenção de casos de violência dentro da igreja?

Certamente muitos outros já testemunharam ou foram vítimas de humilhações e outros tipos de agressão na igreja. Há líderes que "sufocam" e denigrem os membros, e membros que fazem o mesmo em relação aos líderes. Quem nunca presenciou ou soube de agressões verbais em reuniões de Comissão? Pastores autoritários, que censuram membros de forma oficial e não-oficial com base em ilações ou em suas opiniões teológicas, é um mal cada vez maior e que tem causado muito sofrimento. E o abusos sexuais cometidos por líderes de crianças e juvenis, até quando serão um tabu? Falemos com franqueza desses assuntos. Incentivemos as vítimas a denunciar a agressão. Providenciemos os meios para se curar os traumas.

Essa edição do "Quebrando o Silêncio" voltada para dentro da igreja seria uma excelente oportunidade de reconciliação, de cura das feridas emocionais e espirituais de leigos e de pastores. Isso é o que pretende este jornal ao fazer essa proposta. Se essa ideia se espalhar, com muita oração talvez os dirigentes da Divisão Sul-Americana se sensibilizem e aceitem promover esse evento especial. Não desistamos sem tentar...

Nos tempos do cristianismo primitivo, os discípulos só receberam o Espírito Santo no Pentecostes após se reconciliarem. Precisamos ter isso em mente se queremos receber a chuva serôdia e concluir nossa missão nesta Terra. É verdade que a Santa Ceia deveria servir para isso; mas quantos evitam a ceia, justamente para não terem que pedir desculpas a quem agrediram? Qual é o alcance dessa cerimônia que, infelizmente, tem caído num formalismo vazio? Portanto, que a igreja separe em seu calendário anual um dia de oração, jejum e reconciliação entre os irmãos. Quantos concordam?

P.s. Antes de encerrar este editorial, queremos deixar claro que repudiamos firmemente a agressão contra o irmão Pablo Ferrari. Que os seus agressores sejam punidos de forma exemplar, tanto na esfera eclesiástica, quanto na esfera cível e criminal. Condenamos a violência contra ele e contra quem quer que seja. Precisamos exercitar a tolerância. Quem discorda dos métodos do irmão, que o faça de forma civilizada, que se recuse a conceder-lhe entrevistas. Mas nada nunca justificará a violência. É contra tudo isso que o Jornal do Advento sempre se voltou. E contra isso sempre lutaremos.

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