Veja bem a pergunta antes de tecer uma resposta. A pergunta não é se a igreja está alimentando o jovem com o que ele gosta ou o que ele quer, mas se está sendo, de fato, relevante. Ser relevante significa ser importante, de grande valor ou sendo um diferencial. Em outras palavras: A igreja está fazendo a diferença, de verdade, na vida dos jovens?
Eu, particularmente, acredito que não. E elenco as razões para isso:
1- Tudo demais, teologia de menos.
Já disse certa vez em outro post: A igreja não percebeu ainda que os jovens estudam química, física e matemática desde cedo, pois ainda vive na ilusão infantil de que teologia é "muito pesado" para eles. Certa vez, em discussão aqui pelo Facebook sobre o silêncio denominacional acerca do aniversário da Reforma Protestante e o grande alarde com o tema do Halloween, um irmão disse que jovens não vão ler textos sobre justificação pela fé, então é melhor escrever mesmo sobre o Halloween. Parece que esse pensamento do referido irmão não é só próprio, mas vem de cima. Busquem lições da Escola Sabatina de Jovens, lições de pequenos grupos, sermonários de semana de oração... Tudo que estampar a marca JOVEM tem um nível reduzido drasticamente além da própria linguagem.
2- Não se aproveita os grandes ajuntamentos.
Na maior parte do tempo, a juventude está sob a responsabilidade da congregação local. Em momentos pontuais do ano acontecem os grandes ajuntamentos como em camporis, congressos, convenções e etc.. Juntam-se CENTENAS, às vezes MILHARES de jovens (ou qualquer outra classe da igreja) e forma-se uma oportunidade ímpar de prepará-los. Entretanto, dificilmente essas oportunidades são aproveitadas. Eu já participei de camporis de jovens e ao menos uns dois congressos e o que recebi foi uma amontoado de convites à conversão verdadeira, mas sem antes ter aprendido uma vírgula do que é o Evangelho (confesso que pela compreensão razoável do evangelho que tenho hoje, eu realmente não era convertido verdadeiramente, mas eu deveria ter percebido isso lá, não é mesmo?). Mas esse não é um mal da liderança jovem. Já participei de três concílios de anciãos, e apenas o último, com a presença do Pr. Amin Rodor é que foi instrutivo. Tomando emprestado um verso de certa canção do Tiago Arrais, é muita ênfase em "ondas de fé, e não na Palavra".
3- O coração do problema mudou e a igreja parece que não percebeu.
Há 15 anos, quando entrei na igreja, o problema da juventude era bem diferente do que é hoje. Como o acesso à informação era mais restrito, o maior problema da juventude daquele tempo eram os ciclos de amizade fora da igreja. A mecânica de mutilação da fé era a influência relacional. Tanto que quando o jovem saía do clube de desbravadores, ficava um pouco perdido pela mudança de ciclo e a influência de fora ficava maior. Hoje o problema muda de figura. Os ministérios de Jovens e Universitários da igreja se confundem pois quase que todos os nossos garotos são universitários, pré-universitários ou já formados. A universidade não mina a fé do jovem oferecendo álcool, drogas e prostituição. A fé é combatida no campo das ideias. O jovem é desafiado com relação à autoridade das Escrituras, uma Verdade objetiva, a historicidade de Jesus, a existência de Deus e as atitudes diante dos dilemas morais atuais. E em 9 anos de igreja (período antes de entrada na Federal) sabe o quanto eu aprendi desses temas? Um grande monte de NADA. Cheguei lá desarmado, de peito aberto na infantaria. E sabe por quê? Por que tudo é demais, menos teologia. Nunca aproveitaram os ajuntamentos. Eu, consegui me virar "sozinho", encontrei quem me ensinasse, mas vi a fé de DEZENAS desmoronar.
Não está na hora de mudar significativamente?
Wandeson Cunha
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